terça-feira, 11 de setembro de 2012

Camundongos assassinos e Albatrozes

Os Albatrozes são aves marinhas, que levam o mesmo tempo que o nosso para atingir a maturidade sexual, e vivem por décadas. Formam casais estáveis ao longo da vida, produzem um único filhote por ninhada, nidificam em ilhas sem predadores, tornando-se assim, uma ave bem sucedida. Existiam colônias com milhares de indivíduos. Tudo isto, até a espécie humana chegar. Colônias foram exterminadas por povos “tradicionais” caçando para subsistência e, depois, em escala industrial para coleta de ovos e penas. Gatos, ratos, cães e porcos introduzidos por marinheiros e colonos se juntaram à carnificina. 
O advento da pesca industrial com o uso de espinhéis visando atuns, peixes-de-bico, tubarões, merluzas-negras e outros predadores de topo não foi apenas um desastre para essas espécies (algumas populações de tubarões e atuns declinaram em mais de 90%),  mas também para várias aves marinhas capturadas nos mesmos anzóis.
O resultado é que todas as 22 espécies de albatrozes foram afetadas: 3 estão criticamente em perigo de extinção, 5 em perigo, 9 são vulneráveis e 5 “quase ameaçadas”. Toda a família Diomedeidae, uma linhagem que já voava sobre os mares no tempo dos dinossauros, pode sofrer uma extinção em massa pelas nossas mãos.
Mas, o que os camundongos tem a ver com isso? 
O camundongo Mus musculus é provavelmente originário do norte da Índia. Ele colonizou o leste do Mediterrâneo ao redor de 8.000 AC, conforme as primeiras vilas agrícolas permanentes se estabeleciam. Esse comensal humano é uma sombra que acompanhou a agricultura, o comércio e as navegações que tornaram o mundo um lugar globalizado.
Camundongos em navios colonizaram muitas ilhas oceânicas (incluindo Trindade e Noronha, no Brasil). E na ilha de Gough, a meio caminho entre o Uruguai e a África do Sul, onde a vasta maioria dos albatrozes-de-tristão nidifica, os roedores sofreram uma transformação.
Em Gough, filhotes de albatrozes e outras aves marinhas são uma fonte de alimento abundante e conveniente, enquanto invernos rigorosos reduzem a produtividade de plantas e invertebrados. Nesse habitat, os camundongos maiores e mais agressivos (e possivelmente mais inteligentes), capazes de atacar e comer aquelas aves dóceis, levaram vantagem sobre os que continuaram com a dieta ancestral de sementes e insetos. E se reproduziram mais, transmitindo essas características a seus descendentes.
É a seleção natural, atuando em um habitat rigoroso sobre uma espécie com tempo de geração curto, rapidamente tornou os camundongos de Gough em algo diferente de seus ancestrais (que podem ter chegado lá apenas no início do século XIX). Eles são maiores e agressivos. Têm 34 gramas, o dobro de outras populações em ilhas e quase 10 gramas a mais que um camundongo doméstico.
Esses super roedores escalam um filhote de albatroz pesando quase 10 kg e literalmente o comem vivo, cavando um buraco em suas costas e entrando em seu corpo. O resultado é que as populações de albatrozes e outras aves estão sendo dizimadas por estes predador.
No Brasil, estão fazendo pesquisas, em outros países, estão dizimando os roedores mutantes com rodenticidas.

Fonte: O Eco


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