domingo, 9 de setembro de 2012

Cacique Raoni e Belo Monte

Personagem principal da luta contra a construção da barragem de Kararaô, no Pará, em 1990, o cacique Raoni luta hoje pela não construção da barragem rebatizada de BELO MONTE. A construção desta usina pode afetar o território de 12 tribos.
Em entrevista à Revista Superinteressante, ele fala sobre a ligação dos índios com a terra e na luta contra a construção da usina.
Ele relatou que os índios que vivem nesta região, dependem da caça e da pesca para sobreviver, e quando são levados para outro local, não se adaptam.
Ao ser questionado se isto já havia acontecido com alguma tribo, ele respondeu: "Aconteceu com os Panarás, Tapayunas, Kaiabis - todas do Mato Grosso. Eles não se acostumaram com outros matos. A tribo Panará ficava no rio Peixoto. Quando o governo abriu a estrada de Cuiabá a Santarém, passou no meio da terra deles e eles ficaram sem nada. A Funai os levou para o Parque do Xingu, onde viveram por 20 anos. Mas não conseguiram se adaptar muito bem, não era a terra deles. Depois de 20 anos de luta, conseguiram arranjar outra terra perto do rio Peixoto, aí voltaram para lá. Ou seja, não ficaram bem na nova terra. Tem também os Tapayunas, que eram do rio Juruena, mas perderam as terras de lá. Quando fizeram contato com os brancos, a tribo quase acabou, morreu [os invasores os alimentaram com carne envenenada]. Os poucos sobreviventes foram levados depois para o Parque do Xingu. Todos esses grupos indígenas precisaram ser transferidos para um lugar que não era a terra de tradição deles. Alguns aceitam, outros não e tentam voltar para a terra, mas já não tem mais floresta. Acabou o lugar onde ele viviam, os fazendeiros derrubam todo o mato. Se acontecer de novo e inundar Belo Monte, para onde eles vão? Onde que ainda restam florestas e terras desocupadas?".
Ainda segundo ele, nem todos os índios são contra a construção da usina, de acordo com o Instituto Raoni, cabeças de gados, ambulâncias, barcos, micro-ônibus, tratores, torres de telefonia celular e internet, e indenizações perpétuas, são os pedidos dos que concordam.
Ao ser questionado se os índios tinham esperança de que a obra pudesse parar, ele responde: " Eles precisam continuar lutando contra a construção da barragem. Nós aqui vamos ajudá-los nessa luta. Eles lá, nós aqui. Tem tempo que estamos nessa briga e não vamos parar, não queremos parar. Não dá para desistir"

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